2 de março de 2018

Em ti, que personagem és?


Em ti, que personagem preferes para te fazer companhia?
Em ti, que personagem odeias, rejeitas ou desaprovas?
Em ti, que personagem és verdadeiramente?

Já alguma vez colocaste como hipótese, que tudo o que acreditas até agora, pode estar errado?! Já alguma vez colocaste como hipótese, de 'desdizer' o que antes afirmaste como certo ou 'desfazer' o que antes fizeste como correcto?! Já alguma vez viveste a experiência de quase loucura, em que pareces perder a noção da identidade, experimentando um gostinho a omnipresença?

O que me ajudou a manter lúcido, foi ter conseguido albergar nesta personagem multifacetada, a possibilidade de que tudo o que digo, faço e sou, apenas serve para o momento, pois no momento seguinte pode estar completamente errado.

Cruzo-me com muitas existências humanas, que me procuram para ajuda e orientação, e no fim percebo que afinal, o próprio acto de procurar ajuda, é criado por mais uma personagem, que por estar 'separada' das restantes, parece manobrar o ego ferido e vitímizado.

São muitas as existências, perante momentos de entrega e profundo amor, que confundem e criam novamente outro esconderijo interno. Pergunto-me até quando conseguirão aguentar tal manobra...? Até quando conseguirão viver na visão limitada dos véus e crenças limitadoras?

E concluindo, sei que tudo isto sou eu também, nas milhentas possibilidades que o meu ego criou para se desmontar e reconstruir. Mas a grande diferença é que ao 'dançar' nestas águas incertas, nunca perco a conexão à fonte... à lembrança do que sou, e à certeza de que não sei, nem nunca saberei quem sou!

Não sou aquele que vê, sente ou julga.
Não sou aquele que age, cria ou destrói.
Não sou aquele que ama, odeia ou se zanga.
Sou algo sem nome, muito antes de todas as máscaras e personagens possíveis.

Joaquim Caeiro
jcaeiro@live.com.pt

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